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Coquetel de Abertura de"Orly (Sud)" em Bruxelas - 20 de janeiro / 3 de Março de 2012 (Galeria Dubois Friedland)
2016
Setembro 26 até 6 de Outubro de 2016.
Orly (Sud) exposto pela DGAC (Direcção-Geral Nacional Francesa da Aviação Civil), em Paris.
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2 de Junho 2016
Cinquentenário da Torre de controle do aeroporto de Orly
Orly (Sud) na Asa Sul do aeroporto de Orly
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A pintura de Jacques Benoit é sustentada por uma lógica cinematográfica : enquadramento, contre-plongée, ação, cenário... elementos que contribuem para a impressão de uma ação que decorre. Ela permanece contudo misteriosa, indefinível, o que reforça a sensação de que o sujeito real é a própria arquitetura. Ora Brasília e Orly Sul tem em comum a distinção de ter sido fontes de inspiração para muitos cineastas, muitas vezes franceses: uma longa seqüência cult de L’Homme de Rio (O Homem de Rio), de Philippe de Broca (1964), mostra Jean-Paul Belmondo (cuja estatura viril é uma reminiscência dos personagens masculinos de Jacques Benoit) perseguido numa Brasília em construção. Da mesma maneira, Orly Sul abre o filme Playtime de Jacques Tati (1967), e serve também como pivô para a trama de Vivre pour Vivre, dirigido por Claude Lelouch no mesmo ano. Este último exemplo forneceu  a Jacques Benoit uma das poucas citações literais da sua série: Yves Montand e Annie Girardot aparecem em ambos os lados da obra, enquanto no centro aparece a evocação da infidelidade selando o fim de seu relacionamento (construção iconográfica que se apóia na arte medieval, clin d’œil anacrônico neste cenário dos anos sessenta). Esta obra em particular se concentra  no interesse de Henry Vicariot por novos materiais tais como o aço inoxidável e o alumínio anodizado, bem como a generalização do neon - elemento que Jacques Benoit aproveita para dar a esta cena de ruptura uma atmosfera gelada.

Este componente cinematográfico também permite entender melhor a paleta desconcertante do artista. Como um diretor de fotografia a quem seria dada total liberdade para criar, ele toma posse dos atores e adereços para impor seus próprios enquadramentos, sua luz, suas cores. Percebemos uma lógica por trás desta explosão de cores saturadas, como estes céus vermelhos que aparecem várias vezes, ou a vontade de criar um contraste importante entre a roupa de aspecto realista e a pele corada dos personagens. Conscientemente ou não, Jacques Benoit nos relembra aqui as experiências realizadas em 1964 por Georges-Henri Clouzot para sua obra-prima inacabada L’Enfer, que inclui várias cenas nas quais os atores (incluindo Romi Schneider) foram literalmente pintados da cabeça aos pés para dar ao filme a cor desejada. Apaixonado por arquitetura, Jacques Benoit, no entanto, permanece guiado pelo cinema.

(Novembro 2011)

(Sud)
Orly
Especialista em história de arte

de Pierre-Yves Desaive

 

Como na sua série Brasília, Jacques Benoit escolheu reunir seus últimos trabalhos baixo um título genérico que evoca mais uma época que um lugar. O aeroporto de Orly Sul e a capital administrativa do Brasil foram inaugurados na mesma época, e ilustram a fé inabalável de seus respectivos criadores na modernidade, considerada uma ruptura nítida com as concepções urbanísticas anteriores. A escolha de personalidades como Oscar Niemeyer e Henri  Vicariot demonstra o apelo de Jacques Benoit pela arquitetura modernista. Mas a irrupção na série de um retrato de Jean Bertin, designer do Aérotrain, representado ao lado de sua invenção em frente dos edifícios em Orly Sul, indica que o interesse do pintor não é apenas estético, mas também societal. Conhecemos o destino funesto do Aerotrain, monotrilho propulsado por terra-efeito sobre uma viga de concreto, que atingiu um recorde de velocidade de 422 km/h durante um teste em 1969: apoiado no começo pelo governo francês, o projeto foi mais tarde, sob a pressão de lobbies, considerado um perigo para a indústria siderúrgica e o monopólio da SNCF, e definitivamente abandonado em 1977. Em outras pinturas aparecem um avião Caravelle e um carro Citroën DS, lembranças do entusiasmo pela inovação tecnológica que caracterizou a França da época.

Conhecemos então o cenário histórico - o boom pós-guerra. E quanto à estrutura arquitetônica? Brasília não é Orly e, a pesar de ser um digno representante da arquitetura modernista na Europa, não se pode comparar Henri Vicariot com Niemeyer em termos de ousadia e criatividade. Mas a escolha por Jacques Benoit destes dois arquitetos, parentes nos seus conceitos urbanísticos mas muito distintos nas suas aplicações, tem conseqüências na sua pintura.
A principal contribuição de Vicariot à arquitetura de seu tempo na França é a “parede-cortina”, importada dos Estados Unidos, que permitiu criar em Orly um edifício aberto à luz natural, mas protegido das intempéries, adaptado a condições climáticas pouco clementes.
Em comparação, as construções de Niemeyer - pensadas para responder ao projeto utópico de estabelecer uma nova cidade na selva -, brincam com a alternância entre transparência e opacidade, a cor branca dominando o conjunto. Na série Brasília, estes edifícios aparecem como aquilo que são: totens da modernidade levantados num território selvagem, recentemente conquistado. Em Orly (Sul), a arquitetura é mais um pano de fundo homenageando a idade de ouro da aviação, relembrada recentemente (2011) na série Pan Am, no canal norte-americano ABC (e na mesma veia, John Travolta, piloto de avião licenciado, construiu sua casa sobre o modelo de um aeroporto dos anos sessenta, onde ele tem acesso direto ao Boeing 707 do qual ele é o orgulhoso proprietário). Assim mesmo, a maioria dos pontos de vista escolhidos por Jacques Benoit na sua série Orly (Sul) incluem a torre de controle, único elemento que designa o edifício como sendo um aeroporto, enquanto qualquer construção de Brasília fala por si mesmo. Quanto às cenas de interior, elas aproveitam amplamente a decoração desenhada por Henry Vicariot, funcional e luxuosa.